
Violência
Goiás é o 9º no País em homofobia
Pesquisa da Secretaria de Direitos Humanos mostra que maioria dos agressores é do sexo masculino e que as vítimas são negras e jovens
Goiás ocupa a nona posição no ranking dos Estados brasileiros onde mais acontecem assassinatos contra homossexuais. A constatação foi feita por meio do Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: o ano de 2011, estruturado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a partir de denúncias feitas pela população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros e de casos noticiados nos meios de comunicação. Só no ano passado, conforme a pesquisa, a mídia divulgou 12 homicídios contra homossexuais em Goiás.
Devido à preocupante posição ocupada na escala da violência aos homossexuais, Goiás está entre as prioridades da SDH na criação de ações para o enfrentamento da homofobia. O coordenador-geral de promoção de direitos LGBT da SDH, Gustavo Bernardes, destaca que o estudo visa entender o perfil da violência cometida contra essa parcela da população no País para que seja possível o desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e repressão da homofobia. O relatório é o primeiro da América Latina a ser realizado com dados oficiais sobre violência homofóbica.
Para a realização do documento foram utilizadas denúncias encaminhadas para o Disque 100, da SDH, Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), Disque-Saúde, Ligue 180, além de queixas enviadas à SDH por e-mail. Para a realização da pesquisa, a SDH também utilizou casos noticiados pela mídia. O grupo que realizou o relatório constatou que de janeiro a dezembro de 2011 foram denunciadas 6.809 violações de direitos humanos contra LGBTs no Brasil, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos (veja quadro).Gustavo Bernardes acentua que apesar de altos, os números não refletem a realidade tendo em vista nem todas as vítimas denunciam.
A militante LGBT, Beth Fernandes, que é também psicóloga do Centro de Referência da Igualdade da Secretaria Estadual da Mulher e presidente do Fórum de Transsexuais de Goiás, afirma que o medo de denunciar a violência ainda é muito comum entre os homossexuais. O Centro de Referência recebe diariamente as denúncias referentes a Goiás feitas pelo Disque 100 da SDH. “Recebemos no mínimo três denúncias de violação de direitos a homossexuais por semana. Os preconceitos vêm de todos os lados e muitas pessoas têm medo de sofrer discriminação dentro das próprias delegacias”, afirma.
Gustavo Bernardes relata que os números colhidos pela SDH para confecção do relatório mostram que a maioria dos agressores é do sexo masculino. “Os números atestam que a masculinidade construída socialmente sente-se ameaçada por outras vivências da sexualidade. O quanto tudo o que foge da heteronormatividade é visto como doentio, criminoso, ou que necessita de correção”, diz a conclusão do trabalho.
Agressores são conhecidos das vítimas
O Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: o ano de 2011 destaca que apesar de ser amplamente disseminada, a homofobia é mais sentida por jovens e negros. Os suspeitos também são jovens. “A juventude hoje se expõe mais, tem menos medo de assumir sua sexualidade e de denunciar os agressores, por isso sofre mais com a violência”, destaca Gustavo Bernardes
O estudo também revela que a maioria dos agressores é conhecido das vítimas e que as agressões ocorrem com frequência dentro de casa. “A violência dentro de casa é um grande desafio, visto que a intervenção do Estado dentro do espaço doméstico é limitada, e por isso é importante que o governo incentive o empoderamento das mulheres e dos jovens a denunciarem a violência ocorrida nesses locais”, acentua.
ENFRENTAMENTO
A SDH enviou ao governo de Goiás um Termo de Cooperação Técnica para Enfrentamento da Homofobia, que está em vigor. “Entre as ações inclusas no termo de cooperação estão o comprometimento do Estado de criar uma unidade de polícia para enfrentamento de crimes de ódio e a capacitação da polícia para lidar com esse tipo de crime e os delitos de tolerância”, conta.
Fonte: O Popular - 29/07/2012 www.opopular.com.br