segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Artigo sobre a Parada do Orgulho LGBT. Por Maria Rita Medeiros Fontes

Artigo sobre a Parada do Orgulho LGBT. Por Maria Rita Medeiros Fontes
06/09/2011


Parada do Orgulho LGBT: reivindicações, política e festa também, por que não?

O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo.
Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.
Alfred Montapert


Finda a parada do orgulho, fica a vontade de relatar tudo o que foi possível perceber: milhares de pessoas reunidas em prol de um movimento que deseja o fim do preconceito e a criminalização da homofobia, em uma demonstração de seriedade e compromisso com a causa, mas sem perder a alegria e a descontração.

Tive a oportunidade de caminhar junto com as pessoas que se reuniram na parada. Estive presente para verificar, por mim mesma, o comportamento das pessoas. Como membro do Conselho Estadual LGBT e servidora da SEMIRA entendi ser um aprendizado acompanhar o evento, não só como servidora estadual, mas como cidadã.

Todas as cores e diversas expressões, cada uma ali representando uma das letras do movimento, manifestando-se pacificamente, sem provocação ou assédio, oportunizando a confraternização de pessoas reunidas em nome de uma única causa: o reconhecimento de nossas diferenças inconciliáveis e do respeito que devemos nutrir por naturezas tão diversas e ao mesmo tempo tão humanas.

Os trios elétricos, máquinas conhecidas de quem gosta do carnaval, esbanjavam músicas prediletas acompanhadas de palavras de ordem, chamando a população para refletir sobre os direitos dos homossexuais. Palavras de incentivo ao reconhecimento de que existe, sim, quem sente e se emociona como todos nós, mas que se vestem com outra roupagem, identificada com a própria expressão, ou demonstram afeto por pessoas do mesmo sexo. Palavras ecoaram nas avenidas da cidade, atraindo curiosos e ouvintes pró e contra o movimento, mas que souberam aceitar a passagem dos manifestantes, em uma demonstração de respeito.

A cidade parou para ver passar lésbicas, gays, bissexuais, travestis em suas roupas exuberantes, transexuais, transgêneros e heterossexuais. Sim, havia casais heterossexuais passeando com suas crianças no meio da parada! E ninguém foi criticado ou colocado de fora. Todos que quiseram compartilhar com a alegria e apoiar o movimento tiveram espaço para manifestação, sem qualquer desconforto ou acusação por parte dos manifestantes.

Aconteceram excessos é verdade. Os mesmos de sempre, diga-se de passagem: alguns jovens foram atendidos por consumo excessivo de drogas e bebidas e alguns passaram mal em virtude do calor: aproximadamente quarenta pessoas foram atendidas, conforme informação do jornal matutino. Nada diferente das festas comuns e dos carnavais que estamos acostumados. Não presenciei sequer uma briga ou desentendimento agressivo durante o percurso da parada, o que demonstra o grau de comprometimento dos manifestantes com a causa.

Fui apenas uma observadora, nada mais. Entendi ser minha oportunidade de manifestar meu apoio à causa e reconhecer que ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que possamos conviver em harmonia. Estamos a caminho, em um caminho pautado pela defesa dos direitos humanos, mas sem perder de vista a alegria e o bom humor.

Texto: Maria Rita Medeiros Fontes

Gerente de Projetos e Interiorização das Ações

Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira)

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