sexta-feira, 26 de março de 2010

Nova pesquisa comprova homofobia nas escolas públicas brasileiras

Levantamento realizado com base em entrevistas feitas com 18,5 mil alunos, pais, professores, diretores e funcionários, de 501 unidades de ensino de todo o país atesta que 87% da comunidade escolar têm algum grau de preconceito contra homossexuais.

Parte de uma nova pesquisa divulgada recentemente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas/Ministério da Educação revela que estudantes e educadores homossexuais, bissexuais e travestis enfrentam situações de homofobia diariamente nas escolas.

Miriam Abramovay, socióloga e especialista em educação, afirma que o preconceito nas escolas tem muita dificuldade de ser percebido devido a falta de diálogo. “Isso é empurrado para debaixo do tapete, o que impera é a lei do silêncio”, destaca Miriam.

Um estudo coordenado por ela e divulgado este ano indica que nas escolas públicas do Distrito Federal 44% dos estudantes do sexo masculino afirmaram que não gostariam de estudar com homossexuais. A socióloga acredita que o problema não ocorre apenas no DF, mas se
repete em todo o país.

Desde 2005 o MEC vem implementando várias ações contra esse tipo de preconceito, dentro do programa Brasil sem Homofobia, cujas principais estratégias são produzir material didático específico e formar professores para trabalhar com a temática. “Muitos profissionais de educação ainda acham que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e encaminham o aluno para um psicólogo. Por isso nós temos pressionado os governos nas esferas federal, estadual e municipal para que criem ações de combate ao preconceito”, explica o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.

As piadas preconceituosas, os cochichos nos corredores, as exclusões em atividades escolares e até mesmo as agressões físicas contra alunos homossexuais têm impacto direto na autoestima e no rendimento escolar desses jovens. Em casos extremos, os estudantes preferem interromper os estudos.

“Esse aluno desenvolve um ódio pela escola. Para quem sofre violência, independentemente do tipo, aquele espaço viraum inferno. Imagina ir todo dia a um lugar onde você vai ser violentado, xingado. Quem é violentado não aprende”, alerta o educador Beto de Jesus, representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Trans e Intersex (ILGA).

Especialistas afirmam que, para combater a homofobia, a escola precisa encarar o desafio em parceria com o Poder Público. “A escola precisa sair da lei do silêncio. Todos os municípios e estados precisam destampar a panela de pressão, fazer um diagnóstico para poder elaborar suas
políticas públicas”, recomenda Miriam Abramovay.

Fonte: Jornal CONAE

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